domingo, 17 de novembro de 2013

FOFOCA EM CICLO ANIMAL

Tenhamos calma,
muita calma, vamos
à calma.
Onde a calma
mora e a calma chora
a água da falta de calma.
Calma baby, os segredos
nunca serão decotados ou
nitidamente revelados,
como os amores são desaguados
com muita calma,
precisão e classe.
Calma amor, só ela acalma,
hahaha.
É no cotidiano que o segredo
sujo é revelado, acalmado,
escondido, aclamado e apedrejado
pelas línguas que não são calmas.
Cade o café e a calma?
Odeio café e bebo com muito glamour.
Por hora tenha calma,
porra, agora não tem mais jeito,
leito ou sentimentos perfeitos.
Não tem Krishna, nem rima,
olfato ou naturalíssimas crinas,
cavalgam as vacas magras de filosofias
elefantes, Ganeshas,
ultrajes sem nenhum rigor,
antiguidade. Reais desvalorizados,
uma dolinha de dez miada.
Agora nem eu sei mais o que é.
Será que sou fã da desgraça
ou da vagina?
Será que sou maldita
ou perseguida?
O único professor que
eu conheço são as situações.
Calma senhora,
o ônibus já vai chegar e
te levará com muito gosto
numa viagem ao passado.
Calma virgem que
o seu rombo vai colher
as flores do jardim,
perfurando as regras do
teu regresso às cores
inenarráveis do espinho.
Santa calma.
Calma hipócrita, a poesia
é longa e sem noção de espaço,
cumprimento ou métrica, no entanto,
todavia, quase ao ritmo me permito,
sem respeito, defeito,
ela tem educação, a poesia faz sentido,
os poemas não, as vezes é,
as vezes não, a poesia é cão sem vírgulas,
espirro que vai e volta sem normas.
Vagabunda sem alma!
Significando o esperma à beira da buceta atormentada,
decidindo se sai ou entra, se levanta ou senta.
Ridículos e hipertensos são os livros
não lidos ou as vidas passadas,
ultrapassadas, corpos não realizados
ou marginais compadecidos?
-Passa pra dentro de casa. não me toca vadia, vou me banhar.
Vagabunda.
É pelo rabo que os cães demonstram os sentimentos.
Atenção,
tem uma brecha no chuveiro.
Se eu fosse o passado,
cometeria o desfrute de
comer futuros.
Beijos.
Policiais disfarçados desfalcam.
Entregadores de pizza derramam
muito molho sobre as gorjetas.
A entrega a alma não,
a calma que se instala na
vista beirando o sol.
E quantas facas
desfalcam faces em luz vermelha?
Olhos verdes
cegos de sorriso amarelo.

Pierre Tenório


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