terça-feira, 12 de janeiro de 2021

 Eu te odeio 

Eu te odeio, mas te quero para sempre 

não vou me cansar, não vou 

de te procurar por dentro das paredes 

do ouvido não vou escutar 

Transpareço, impávido colosso

falo sem parar, não paro de te balançar 

não quero dar bandeira, venha me queimar 

balanço, balanço

balanço, gozo no canto do olho 

olho pro lado já não estás

Falando, falando 

fica porque não te engano 

esquece o ódio e vem também me balançar 

arrasta a sandália 

arrasta até gastar. 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

fico muito preocupado 
inutilmente vivo  muito
perto, longe, imaginário

não sei você, mas eu 
me sinto e sinto muito
totalmente abstrato

teu cheiro, beijo, abraço
queixo, deixo, perdida
lento, dedos, os teus dedos

não me deixam,
imagino o medo 
de tocar meus versos

declamar o que não 
se fala, não se fala mais
me engano...

reticências.


sexta-feira, 13 de novembro de 2020

ide

os esquecidos
serão lembrados
por terem sido
esquecides. 

 Infinita Tristeza 

Deixe-me ir preciso andar 
por aí
você se despediu 
sem nenhuma palavra dizer 
sem verdade também sem mentir 

Já faz algum tempo

Você me deu valor 
e mesmo assim trocou 
quando podia dar 
você nem emprestou 
amor 

Vai minha tristeza
e diz pra ela sumir 

eu sei que vou chorar 
nunca soube partir.

Pétala

Me perdoa pétala
por jogar-te ao chão
meu coração

se derrama em lágrimas
ao perder-te em meio
essa paixão

segura minha mão, então
desabrocharei jardim
serei beija-flor assim

teu perfume nascerá
como bem me quer
mau me quer bem

me quer
como pétalas

em mim. 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

me entrego as janelas 
me entrego as cortinas
das janelas, também as 

portas 
entreaberta me entrego
me entrego pelas frestas 

me entrego pelo espaço
das telhas, por fora 
das cadeias 

me entrego nas grades 
onde não posso estar 
me entrego a morte 

enquanto me entrego 
a vida me entrega 
ao vínculo 

que escorre 
ao canto me entrego 
a tudo que clamo 

me entrego ao que 
me devolve ao sub
terrâneo não me digas

do silêncio ao grito
do soluço ao mijo 
da solidão até 

as palmas de tantas 
mãos, me entrego 
e me devolvo 

a mim mesma. 



quinta-feira, 8 de outubro de 2020

NOVELAS

preciso de um papel
por favor
preciso de uma papel

não me deixe 
sem escrever 
minha vida

não se deixe
escrever 
minha vida

a não ser
ser 
ser

a vida, tecida
tecidos.