descumpro os contratos
excluo contatos
você me odiando hiato
presente comum, leve fardo
distante pra outros olfatos
Comum
Ela escreve na loucura
da inocente amargura
por um piscar pensei
por um mudar de página pensei de novo
que o garoto estava a escrever um poema na página do seu caderno de folha reciclável bem na minha frente
quase diante da má lida dos meus olhos que não decifraram tal código no auditório em singular firmeza no deslizar do cometa sobre o chão do braço da carteira riscada onde peixes saúdam a escuridão com suas barbatanas cor de córneas lentamente
eu era a única pessoa que pensava em ler aquilo em poema que não se escrevia por aquela mão
O braço da cadeira possui linhas aéreas venosas
meu cabelo espera
e as canetas não ultrapassam o repouso das minhas unhas enquanto dançam a espera da caneta entre os dedos enquanto morrem essas vivências
Pierre Tenório
quase não reparei que a vida é contínua e por isso ainda acordo embriagado nobremente sobre o que os desejos afagam por debaixo dos lençóis mansos felinos. Percebemos a necessidade do ponto a mirar para morder e sugar condicionado livre ao beijo com sabor de queijo qualho o leite na garganta prestes a descer, soo suo sou lamento falho seco séco feito galho caio deixo
o silêncio mais que a pausa causa falsa sensação de outro som num sublime desafino para a leveza dos mau ouvidos
matemática
nunca serei capaz de ser amada;
a cesta da bicicleta pede flores
de presente
pedalo para trás enquanto assisto
as propagandas
é mais fácil dar uma entrevista
que ouvir o de repente acontecendo
gente sempre espera muito
e no fim, acaba se contentando
com o mínimo dos múltiplos
não pensei que amar fosse
tão comum
falo nisso todos os dias
peguei carrapatos com meu cachorro
a cabeça está cheia de ideias
Pierre Tenório