sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

não encantado
me espaço
fechado

calo entre os dedos
das mãos

descabaço;

cartões
não escritos
passeiam jardins

desfloridos
sorrisos,

vestidos de noiva
regados
buquês

de sórdidos
simples
porquês.

se o sim
que não ao não


revoga
o ato
de se renovar

ingrato.

reponho-me
ao marco

remarco
desfatos

recortando
mandos

desmando
e disfarço.

expondo
ao mínimo

compondo
ao máximo.

Pierre Tenório







terça-feira, 16 de dezembro de 2014

madame diabólica

-enquanto paga
a foda
acaba;

celebra o natal
querendo dar;
presentes

pelo amor
de deuses.

Pierre Tenório
DE OLHOS BEM FECHADOS

meus fantasmas gritam
em auroras silenciosas;

auroras escurecidas.

meus fantasmas silenciam
a clareza
dos crepúsculos luminosos

crepúsculos
inescrupulosos.

meus fantasmas riem
dos lagos sangrentos
que abrigam
meus olhos
de peixe.

meus fantasmas
fizeram escolhas

e agora são
árvores
despidas de folhas;

fogueiras juninas,
notas musicais,
páginas de bíblia
enrolando cigarrilhas,
páginas em branco
sem mais guerras
escritas.

meus fantasmas
estão presos
na liberdade
que desconheço.

Pierre Tenório




quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Ventos

falando
de mal gosto
não desgosto
das boas formas
quais enfrento.

não degusto
muitas vezes
quem me come
ou me olha
me comendo
quando mastigo.

me desfaço
dos quereres
bem amados
desfaleço
as alegrias
dos perfumes
amaciados por

água e
sabão.

sinto cheiro
de alegria
por não ser
perfeitamente
o sofrimento
de não te-lo
inteiramente

nessa rima
tão
de vida;

só sei não sei
que ao fim do fundo
não há fossas
nem há mundo

tudo que respira
nos varais
são roupas
limpas
esperando.

Pierre Tenório




segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

AQUÁRIO

O céu é o mar
daqui
onde estou
afogado

a lua não é satélite
estrelas não peixes
boiam

ondas não senoidais

sem mais

nada
em mim
se esvai

por trás dos olhos
fechados
de vidro.

-não há tempo
para
escapatórias.

Pierre Tenório

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

FAMINTO

arco íris
escorre nas mãos;

escolho uma cor
para narrar todo
tremor
deste suposto
sem fim

ai de mim

se não falasse que
sinto muito

não tenho como evitar
vaidades
as letras
desmancham como
gala jorrada
porra
no vão das paredes
em redes

boquiabertas

como se fossem
algo que são

incontroláveis

dentro do meu pau
apaixonado
cu, braços, objetos ao redor
coisas assim
sem mim e
fim

abraços
imaginários

ventando;

oração
pelo que vem
de poema

em poema.

Pierre Tenório

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

vou mentir
que és incapaz
de reparar
em minhas
pernas
trêmulas

pelas
primeiras
segundas
terceiras intenções;

não vou dizer
que és capaz
de alinhar
teus
labirintos
do início

ao fim
do caminho

pelas
terceiras
segundas
e primeiras
impressões;

não vou
deixar
de amar
espinhos.

Pierre Tenório