escrevo e jogo poemas fora
no lixo denso das sabedorias
nos vasos que há dentro dos corpos
nos pratos que não mato a fome
parece bobagem (ou frescura)
mas, por mais vazio que sinta
meus versos são calejados
e somente posso sentir
d'um jeito bem semelhante
ao que todo mundo sente
meus versos são para as folhas
das árvores, baleias, astronaves
para qualquer olho cego, morto-vivo
ou talvez para os amigos
dos amigos
ninguém mais
meus versos são para o meu ex namorado
e também para o seu
passado e futuro, nunca presentes
não, não são presentes
pálidos
os poemas são fatos ou fotos,
fitas de vídeo e cetim
vícios, viço
jogo poemas fora
mas, não me atreveria
jogar um papel de bala
desarmado na calçada.
tenório, pierre
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