terça-feira, 17 de janeiro de 2017

monóstico paradoxal:

A capital dos sentimentos é o interior.

Pierre Tenório

domingo, 15 de janeiro de 2017

BIFE ACEBOLADO

não quero piscina
não quero praia
não quero foto
não quero água
não quero nadar

hoje não vou te ver
nem falo nada
nem me acordo
nem durmo tanto
nem fumo conha

também não interessa
o que tu fazes
nem comes
quem amas
quem fodes
o que dás

não faço
questão alguma
que pagues nada
que vendas tudo
que jogues fora
que vás embora

quero que fiques
só mais um pouco
e me prepare
um bife acebolado
depois me beije
e me observe comer

enquanto se maquia
na frente do espelho
e se pergunta:



Pierre Tenório





é mais fácil sentir que alguém não te quer perto
do que aceitar convites


as energias são reais, bobo

melhor acreditar nas estrelas
do que em coração poeta
e tudo isso no fundo importa mesmo

quando você olha pro mapa
e viaja.
ontem sonhei

que estava vivendo
no fundo de um mar

com estrelas caídas
carentes de luz.

pisando nas mesmas
palavras

Pierre Tenório

sábado, 14 de janeiro de 2017

senta e folheia esse livro aqui
eu mesmo fiz

é
de um amigo meu

talvez você o conheça
um dia quando a gente

sair de casa.

compra minha ópera
descarte o meu nome

toma um flor, segura
espera ela murchar

pra depois ir
a conhecer-se.

Pierre Tenório

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

MÃE SOLTEIRA

me arrebato
quando encontro
um pensamento

e escrevo
o poema
com qual transo

e engravido
só orgasmo
quando o verbo

faz da foda
mais um canto
e crio os netos.

Pierre Tenório

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

POEMA DESENDEREÇADO

me permita mesmo
com todas as falhas
de percurso e falta
de dinheiro

pensar em ti do mesmo
formato cor e cheiro
que olho e te leio
e te escuto
e te vejo
tão distante
dos meus dedos.

me permita que eu olhe para cima
e te veja no azul ou no céu cinza
que nos banha onde quer que estejamos

me permita que eu duvide que te amo
pois se esta é minha falha de percurso

que duvide todo dia na incerteza
de fazer todo dia a mesma escolha

te amar como escrevo nesta folha
e amanhã quando acordar esquecido

te amarei mais ainda do que nunca
em um rosto de algum desconhecido

se permita.

Pierre Tenório

já passou da hora de não nos vermos mais
esse teu amor livre me ameaça amedronta amadoramente complica e consome
o esquecimento que a mim consola toda vez que me esqueço
de mentir amor
tu voltas fantasmagórico assolando meu desprezo teu
tuas digitais sujas de merda
minha varinha de condão enfeitiçando teu rabo de cadela
quando tu viças perdido eu te busco na janela aberta do chrome
e travada engulo letra por verso de música lixo
mastigo teu lixo meu castigo
me liberto me divirto enquanto brinco
e me decoro e me recordo
e me isolo
livre do teu amor
livre
me converto ao teu medo
me perverto
relaxa que dois mil e dezesseis não acabou
meu amor
meu temor

Pierre Tenório