BINÓCULOS
me sinto feito
borboletas
fugindo
do estômago
escorrendo
larva me sinto
em erupção
descendo
até o céu
subindo
como asas
até o chão
me sinto
borboletas
quebrando
vidros de
binóculos.
hoje estou muito sensível
arrasada e feliz ao mesmo tempo
pensando sobre o que é poema
e o que não é poema
então escolho bem as palavras
para parecer poema
e carregar nas costas o peso de
um poema
ou então deixo as palavras
esvoaçantes bailarem
pelos céus do agreste
contemplando o não ser poema
mergulhando na raiz do poema
arrancando o poema de si
para ser alguém
despercebido.
aquele desabafo me cortou como espelho. queimasse a vermelhidão de todas as fogueiras.
levantaria e mergulharia nelas, as chamas que nos embrasam os córpulus e tudo que nos envolve.
queimo os meus sentidos perante as línguas encantadíssimas, entrego minha alma nas bordas de um doce cogumelo. nada precisa fazer sentido em tua mente, se mentes para si ou para mim. é só para ti e para me fazer sorrir. escalo as montanhas do conhecimento para entender as causas que o faz me amar assim. como assim? com os olhos azuis de célula tronco, lágrimas semente cultivam todo amor que há nessa realidade terrena e virtual. meus dedos tocam tuas cordas vocais. teus ouvidos abraçam os meus sentidos aguçados.
uma explosão estrelar. acho que mijei nas calças. não preciso dizer que te amo.
QUERIDO DIÁRIO
hoje fui enforcada aos pés de uma mesa de bar.
eu escolhi estar lá e eu só queria amar alguém.
me evitam e eu bebo esse teor místico
do ódio gratuito que me apraz somente e tanto.
nem posso desejar a morte para ninguém.
o mínimo é passar uma maquiagem e ficar mais bela.
gosto que me fodam totalmente. os dedos. a língua.
ah, essa língua dessas paredes desta cidade imbecil.
será que estamos mesmo vivas? acho tudo tão engraçado.
sou uma pessoa ruim.
decorei o texto uma vez
ensaio todos os dias na sala
de casa, acrescento algumas
letras, dirijo o pensamento
parafraseio algures
me envolvo nos cantos
das paredes te rendo
balanço-me o corpo
de osso por osso
é como se fosse tudo
que preciso viver no sonho
um conto, dois contos
encanto segredos
parece mais cordas
d'alguma viola
poema que rege
nos ventos auroras
esqueço o texto
me entrego ao tempo.
todo mundo parece vazio um pouco. vou experimentar escrever sóbrio. sou vazio um tanto. e o ódio. ócio invade meu abraço; invento amor ileso. alguns dias depois me revolto aqui novamente. conectando-se com esta página não mais em branco. imaginando futuros presentes. gosto de ser feliz com as ondas.
ele não me beija. gosta que eu o abrace de todas as formas de prazer. me sinto uma vagabunda. um objeto também. mas, também alguém que alguém sonha. ou sonhou. meio sonho. quase algo. não sei o que é. talvez a presença que o abraça e o torna único. ele é lindo deitado e dormindo. como se fosse uma estátua. na verdade eu o objetifico.fico emocionado embora. nunca consiga dormir.
todo mundo já percebeu que sou meio doidão mesmo. o meio do mundo que me desconheço aqui sentado. por vezes até eu mesmo alto falantes. anoto que a maioria me desgosta, do meu gosto sem tanta pontuação. juro que adoro fazer as músicas. pra completar redescobrir a alma torta. torta de morando e rabanada. dedos apontando dentro a boca. queria escrever pralguém de novo. sem ter que me culpar, sem me julgar. foder com dedos indicadores. lembrar de alguém enquanto vida. amar como fosse medida. medida da sua roupa favorita.
Venho até aqui
pra te dizer
coisas malucas perdidas
que nunca te disse
Mesmo com sono te digo
pra não ficar triste
Eu acordei
sem cicatriz
sinto o calor do meu lado
sem ter que pedir
Ao fim da noite molhada
teu cheiro jasmim
Nasce de mim
esta canção
meigo, sorriso apertado
que volta a sentir
som de colinas
marcada pelo frenesi
frenesi (Am)