quarta-feira, 29 de abril de 2015

AMOR À SEGUNDA VISTA

Ela pisou no meu pé
quando dançamos
juntinhos

naquela festa;

Depois sentou no meu pau
dizendo: amor,
você é tudo

que me resta.

Pierre Tenório

terça-feira, 28 de abril de 2015

Ao conter o céu em peso
te queria tempestade
Detendo todo desejo
que me abre portas
bem cedo;

Ouvirei pássaros no arrebol
cantando
não me deixes, sol.

Pierre Tenório
espremer laranjas
escrever poemas

sucos de veneno
sabor vento.

do cérebro minhocas
de cérebro

do reto, papos
indiretos.

tem gente com vício
de gente

olho de feto
língua de cego.

tem gente (como eu)
que não quer ser

certo
apenas direto.

não nos deixem em paz.

Pierre Tenório

sexta-feira, 24 de abril de 2015

INFANTILISMO

disseram que eu poderia
curtir a minha vida
tomando milkshakes
de esquina em esquina;

um anjo apareceu
e comigo se envolveu,
levou-me para um bar
onde eu pudesse dar
adeus as calorias.

Pierre Tenório

sexta-feira, 10 de abril de 2015

VAI

não é de costume, mas, ele correu.
não sabe a verdade, mentira ou identidade;
se mostra valente, tão inconsequente, vadio,
vulgar.

Não faz de conta, nem se apronta
pra aprontar, afronta;
conta mais nãos do que sinos na agenda
do celular, alarmes não o amedrontam.

ele se esvai dentre rios vazios;
areia, poeira e espaço.
garfos e facas o cortam e furam,
o amor não o cura.

ele me esconde segredos revelados
ao mundo pequeno das fotos;
expõe suas próprias fraquezas
em mesas sem nenhuma cadeira.

Pierre Tenório






quarta-feira, 8 de abril de 2015

PIVÔ

Pessoas são bonitas, felizes;
coisas também.
Mas, o que me atrai mesmo
é uma bela tristeza, mesmo feia.
Coisas tristes me alegram
e abraçam, insinuam-se
aos meus olhos.
E também os meus papéis
quando os amasso
e guardo nas lixeiras
de algum leito.
Meu pau palpita por memórias
lindas, linhas
a mão escreve sobre a porra
do teu peito.
Preciso me ver triste novamente
até consertar este sorriso
num dentista, e quando disseres
nunca mais insista;
Então sorrirei sem esconder
os tempos
perdidos
pelo tempo.

{tenório}

quinta-feira, 2 de abril de 2015

POEMA SANTO

Somos os deuses e demônios
da consciência que criamos

Alimentando falsos sonhos
até quando não esperamos;

Como peixinhos numa rede
em fuga dos maus olhares,

Querendo escapar da sede e
da lâmina que por lugares

Do corpo estrategicamente
cortará dos fatos à mente.

[O sangue que bebo em taças
não cura as minhas desgraças]

Eu não inventei essa história
pois, não sei mais o que crio

Não haverá escapatória
para o fluxo do rio

Que afogará os milagres,
pressentimentos e cios;

Por mais que eu tente fugir
meu corpo quer submergir

Nas lágrimas e gargalhadas
das cenas desesperadas.

[A cruz que estou pregado
não é sinal de legado.]

{tenório}